quarta-feira, 6 de abril de 2011

O preconceito contra o Funk

Existe, em correntes ideológicas de esquerda, a máxima de que o "Capitalismo Selvagem" gera o preconceito e joga o homem contra o homem. E desde as sociedades mais antigas (e, consequentemente, pré-capitalistas) o preconceito caminhou entre nós. O ser humano sempre nutriu uma postura defensivo-ofensiva para com o diferente, o outro, algo que, infelizmente, em pleno século XXI, ainda não foi superado e, ainda se tem dúvidas se algum dia o ser humano será capaz de superar este desvio.

" O funk e o rap incomodam, vieram de baixo e vieram para ficar, incomodam porque não nasceram de uma elite cultural "

O preconceito já se deu na esfera racial-étnica, na esfera econômico-social, na esfera da fé e, mesmo sem ter desaparecido nessas esferas, o vemos com muita força também na esfera cultural, uma esfera cheia de estigmas. O rock é o som do diabo, o axé é a música dos ignorantes, o pagode é a trilha sonora dos cornos e mal amados, sertanejo é música de caipira, assim como o forró é coisa de paraíba. O rap é coisa de bandido e o funk, obviamente, é coisa de drogado. Tantas são as máximas e todas com a mesma alteridade, podíamos ficar aqui escrevendo linhas e mais linhas só com taxações preconceituosas contra algum estilo musical. Todas tendo em comum o fato de reconhecer o outro estilo, mas não o reconhecendo como uma legítima manifestação cultural.

Se analisarmos o papel da música na história, principalmente na história do Brasil, vemos que, ao longo do século XX, a realidade brasileira foi cantada em diversos gêneros como forma de protesto e sobrevivência cultural. E se formos ainda mais a fundo, vemos que todos os estilos nascidos, ou que migraram para tal forma de expressão, sofreram o preconceito e/ ou repressão. O samba não era bem visto em seu nascimento, a ditadura militar reprimiu com violência (não apenas física) os que cantavam contra sua existência, a própria geração do rock 80 era mais associada com o preconceito em suas origens: Renato Russo era o viado, Cazuza, o drogado... em vez de valorizar os artistas, os adjetivos que os acompanhavam, em geral, eram depreciativos e preconceituosos.

Com o funk e o rap não poderia ser diferente. Um nasceu nos morros do Rio de Janeiro, o outro na periferia de São Paulo. Ambos surgiram expondo uma realidade social que a sociedade, de uma maneira geral, tenta não ver. Quem não lembra de versos como "eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci" ou ainda "era só mais um Silva que a estrela não brilha, ele era funkeiro mas era pai de família"? Gêneros musicais ligados a uma população de baixa renda, à desigualdade social, e que foram se moldando (e até se popularizando) com o tempo mas sem jamais deixarem de ser alvos dos mais variados tipos de preconceito.

O funk e o rap sofrem com a taxação de ser música de pobre, de bandido e afins mesmo tocando em bairros como Ipanema, Morumbi, Leblon. Essas taxações nada mais são do que demonstrações da mais pura e simples alteridade. Alguns se acham inteligentes demais para ouvir/ gostar de funk e rap, outros se acham cultos demais para tal, mas a realidade é que toda essa "superioridade" intelecto-cultural não passa de limitação intelecto-cultural e o mais puro preconceito. O caso do funk do Rio de Janeiro é ainda pior, pois se o rap é a música dos bandidos, o funk é ligado diretamente ao tráfico de drogas e tudo que a sociedade tenta esconder. Além de sofrer um preconceito sócio-criminal, o funk, recentemente, em uma de suas mudanças, atraiu para si mais um estereótipo: o da vulgaridade e das "péssimas" letras.

Ora, em primeiro lugar, nem todo funk é vulgar, ainda existem funks que não falam de sexo e violência, ainda que estes sejam a maioria. Em segundo lugar, não é o funk que vulgariza a sociedade, mas sim a sociedade que se vulgarizou e contagiou o funk. A televisão está cada vez mais apelativa, com pouca roupa, muitos seios, sexo e violência no horário nobre. Nossas crianças assistem a uma infinidade de animações japonesas com personagens com suas saias curtas, roupas decotadas, carregadas de apelo erótico e mensagens subliminares. A sociedade se vulgarizou e a música reflete a sociedade da qual ela é oriunda.

Em terceiro lugar, se for para se pautar pela qualidade da letra, o heavy metal, com suas músicas de "o mal está vindo", "satanás voltou", estaria morto e enterrado. A maioria das músicas internacionais, em um país onde a minoria consegue estudar um idioma adicional, nem tocaria nas rádios e baladas. Aliás, quem é que sabe o significado de todas (eu disse todas!) as músicas que ouve de bom grado? Quem é que para de dançar na balada para compreender ou porque compreende e se repudia com a letra de uma música internacional?

O rap e o funk são legítimas manifestações culturais, nascidas dos morros e periferias que se disseminaram por toda a sociedade. O funk, em especial, é um ritmocontagiante, dançante e alegre (quem é que chora ouvindo um funk?). Os dois gêneros incomodam, vieram de baixo e vieram para ficar, incomodam porque não nasceram de uma elite cultural, incomodam porque, como diz um funk não muito antigo que em sua letra combate o preconceito contra o gênero, "é som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado", tá ligado?

14 comentários:

  1. VÃO PARA O INFERNO BANDO DE FILHOS DA PUTA, ISSO QUE VOCÊS OUVEM NÃO É MÚSICA É BARULHO

    ResponderExcluir
  2. Resumindo, vc flw "animaçoes japonesas com pornografias" se referindo ao anime,com preconceito,sendo que nao existem mensagens subliminares etc nos animes,as vezes tem uns mais sombrios,mas o que vc flw era HENTAI=ANIMES PORNOGRAFICOS,E NAO O ANIME ORIGINAL(SHONEN,SHOUJO,SEINEN etc)PRECONCEITUOSO,O UNICO DEMONIO E QUEM CHAMA OS ANIMES ASSIM .|.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E um shonen não tem mensagens subliminares? fairy Tail tem as suas personagens de seios fartos, saias curtas e mesmo assim não perde o seu direito de ser chamado de Shonen, por causa disso. E no artigo, nunca foi citado a tal frase "Animações japonesas com pornografias" que você disse que o texto contia.

      Excluir
  3. Adorei o post ! ♥
    http://spadivando.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  4. isso é preconceito contra o funk,apesar de não ser fã eu respeito e afim de resolver tal problema poderiam ser feitas leis na qual retrata as agressões físicas e oral . só assim pois não vejo outra forma

    ResponderExcluir
  5. Parabéns. Ainda bem que existem os corajosos que defendem o que pensam mesmo sabendo que a sociedade vai cair matando com insultos.

    ResponderExcluir
  6. Agora vai sentar
    Vai sentar, vai sentar
    Vai sentar, vai sentar
    Vai sentar

    Letra "Linda" né? ¬¬

    ResponderExcluir
  7. Concordo, por isso que amo a música ''só surubinha de leve'' ela é muito boa :) pura cultura

    ResponderExcluir
  8. preconceito é quando falamos algo que não é verdade...
    no caso do estilo de "música" funk, é uma vergonha a sociedade, só fala em drogas, violência e sexo sem compromisso, além de tratar a mulher como objeto sexual.

    ResponderExcluir
  9. Harbor Cargo Titanium Welder - Titanium Art
    Shipping from welding titanium US. snow peak titanium We ship our titanium mug ship in CAD from our Ship Office in San Diego. US shipping is fast and titanium car easy! Silver Gold - Silver titanium hammer Gold. Silver Gold.

    ResponderExcluir